A influência que um exerceu sobre o outro, desde que o rock é rock
Desde 1985, quando foi realizado o festival Live Aid para arrecadar fundos em prol das vítimas da fome na Etiópia, comemora-se no dia 13 de julho o Dia Mundial do Rock. E é por isso que decidimos relembrar - e homenagear!- um pouco desta história de amor entre a moda e o estilo musical que revolucionou o guarda-roupa dos jovens.
Quando o rock explodiu no cenário americano em meados dos anos 50, a música pop estava no topo das paradas de sucesso e esta nova vertente underground empolgou toda uma geração que modificou sua postura, sua dança e principalmente seu jeito de se vestir. Elvis Presley, que cresceu ouvindo folk e country, foi o grande sucesso comercial. Ele começou sua carreira como um dos primeiros artistas da onda rockabilly, uma das vertentes do rock que misturava country e rhythm and blues. O gel nos cabelos era sua marca registrada, mas o look ia além, com camisetas brancas justas, camisa xadrez e jaquetas de couro estilo perfecto ou aviador - um dos must-haves das últimas estações - calças curtas e jeans com as barras dobradas (que até então era uma roupa resistente e de baixo custo, usada por mineradores).
Contemporâneo de Elvis, Buddy Holly tinha um estilo menos extravagante e músicas que falavam principalmente de amor. Seu visual era composto por ternos com gravata fininha, blazers ajustados e cardigans curtos, mas antes de qualquer coisa, Buddy foi o roqueiro com o ar certinho, meio nerd, cuja marca principal eram os óculos de armação pesada.

No início dos anos 60 a influência do folk no rock imperava nos Estados Unidos principalmente com Bob Dylan. Faziam parte do visual dele as botas de cowboy, camisas, jaquetas de camurça, calças e ternos curtos e grudados ao corpo. Aparentemente pouco interessado em moda, Dylan acabou se tornando um ícone que teve seu visual marcado pelos cabelos desgrenhados e pelo óculos Wayfarer, lançado em 1952 pela Ray-Ban, que ficou mundialmente conhecido como seu acessório principal.

Em 1964 veio a invasão inglesa e o mundo conheceu os Beatles, então jovens meninos com cabelos arrumadinhos que se tornaram ídolos adolescentes. Junto com eles também apareciam os Rolling Stones e o The Who, representando a juventude inglesa que gostava de rock. O visual era moderno para a época (e super retrô hoje em dia): ternos acinturados e coloridos, calças ajustadas e gravatas fininhas. No entanto, alguns anos depois eles começaram a deixar a barba crescer e mudaram suas roupas, prenunciando as várias transformações que ocorreram no final desta década tanto na música quanto na própria sociedade.

No final dos anos 60 o rock aumentou o som da guitarra e já era um estilo de vida, virando a bandeira para a geração hippie que mudou a maneira de pensar e se vestir. A regra era a liberdade total. Enquanto as meninas já usavam minissaia, roupas de inspiração indiana e milhares de acessórios, os rapazes exibiam calças apertadas, principalmente de couro e veludo, camisetas estampadas e tingidas, cabelos bem compridos e botas de salto alto. O jeans, que vinha flertando com o rock desde os primórdios, agora era usado no famoso estilo boca de sino. Janis Joplin, Jimi Hendrix e Jim Morrison foram importantes representantes do movimento, mas em 69, quando aconteceu o Festival de Música e Artes de Woodstock, quase todos os músicos surgidos no início de 60 tinham sido influenciados pelo new look, enquanto no Brasil os Mutantes eram a grande expressão musical.


Mas no início da década de 70 também surgiu a moda glitter, com o Glam Rock que, muito mais do que um gênero musical, também se tornou um estilo que se popularizou a partir de David Bowie (um dos maiores ícones fashion do rock) e seu personagem Ziggy Stardust. Os trajes incluíam de cílios postiços, purpurinas e paetês a calças metalizadas e ombreiras que davam a tudo uma cara futurista. A idéia era misturar peças femininas às masculinas, usar muita maquiagem e repicar os cabelos. Era tempo de um rock andrógeno que foi adotado também por artistas como Lou Reed e Iggy Pop e ao qual também aderiram os Stones


Em meados dos anos 70, começava o movimento punk na Inglaterra, que surgiu com looks pensados por Vivienee Westwood e uma atitude que defendia a rebeldia, a crítica social e o anarquismo. As principais bandas foram Sex Pistols, The Clash e Ramones, com calças jeans skinny rasgadas, cabelo moicano, tênis All Star detonado e assessórios cheio de tachas e alfinetes de metal. O punk também resgatou o xadrez no padrão tartan e a jaqueta de couro perfecto para compor o visual e foi responsável pelo boom das botas Dr. Martens, que viraram o ícone da geração e nunca mais saíram de cena.

No início de 80 o New Wave marcou uma grande variedade de desenvolvimentos musicais e linkou a bagunça trazida pelo punk com a disco. A idéia era revitalizar, por isso o nome que significa “nova onda”. O estilo era divertido e foi marcado por Talking Heads, The Cure, Cyndi Lauper, Boy George, Blondie e Devo, que misturavam cabelos punk aos glitters do Glam Rock, ombreiras e muito jeans colorido. Nesta época o Wayfarer voltou à cena com toda força.
Após viver um momento de fragmentação na década de 80, com vários artistas de diferentes linhas convivendo, o rock da década de 90 trouxe novas mudanças com o grunge - vertente influenciada pelo hardcore e heavy metal que pode ser considerada a última grande influência do rock na moda. A banda que marcou esta geração foi o Nirvana, tendo Kurt Cobain como o ídolo com seus cabelos sempre bagunçados, camisa de flanela xadrez, camisetas de banda de rock, All Stars e jeans (agora mais largos e rasgados) que conquistaram os jovens.
Hoje tem rock para todos os gostos. Dos metaleiros e góticos aos punks, o rock vem influenciando estilistas ao redor do mundo enqunto vivemos uma época de resgate das influências. O Converse All Star, a calça skynny, as perfecto e o xadrez (em camisas, calças e casacos) atravessaram gerações e voltaram às passarelas nas últimas temporadass.
O Emo (outro gênero derivado do hardcore) é caracterizado por uma retomada de elementos como os olhos pintados e franjas longas sobre os olhos, e o Indie Rock (que tem bandas como Radiohead, Franz Ferdinand, Arctic Monkeys, Strokes e White Stripes), são vertentes que troxeram de volta, por exemplo, as calças skinny, camisetas de bandas, os All Stars e as Dr. Martens e, já no final da década de 90, as jaquetas Adidas, óculos de armações grossas e muitas outras peças vintage, assim como o fizeram as bandas de electro rock (Cansei de Ser Sexy, MGMT e Daft Punk, entre outras), que ganharam os palcos misturando o rock com a música eletrônica.
Se a princípio a moda caminhou junto com o rock como mais uma maneira de os jovens se expressarem e saírem da mesmice, hoje a pergunta que não quer calar é: o que seria da moda sem o bom e velho rock and roll?
0 comentários:
Postar um comentário